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CRÍTICA - SERGIO

Filme brasileiro que estreou no dia 17 de abril no serviço de streaming Netflix.



O diplomata brasileiro, Sergio Vieira de Mello, ganhou destaque como um excelente negociador e protetor dos Direitos Humanos. Em 2003, Sergio foi entitulado como representante especial da ONU no Iraque, assumindo papel de mediador de mudanças que viessem a ocorrer após a queda de Saddam Hussein. Baseado em uma história real, "Sergio" retrata o caos politico-social que era vivido naquele momento.


Logo em seus primeiros minutos, o protagonista é mostrado fazendo um discurso para um vídeo motivacional da ONU. Com a voz impostada, o semblante sério e a postura impecável, ele se apresenta, já nesse momento preliminar, como um homem poderoso e de extrema influência. Ouvi-lo se manifestar é como escutar um super-herói motivar sua equipe antes de uma missão importante. Apesar de a princípio não conseguir captar totalmente o personagem, Wagner Moura vai, aos poucos, se encontrando no papel de Sergio, encarnando toda a sua gestualidade, inclusive seu sorriso largo e simpático, uma das maiores marcas do carioca.


Porém, o grande imbróglio quando se trata da sua representação no longa é a forma como Barker, em sua direção, o transforma em uma versão diplomata e latina de James Bond, sempre o colocando em uma posição de grande virilidade. As cenas em que ele pratica exercícios e na forma como acelera sua moto sem parecer ter preocupação alguma são alguns exemplos disso. Ao fazer isso, o diretor desperdiça a chance de mostrar Sergio em toda sua heterogeneidade e complexidade (sua fama de mulherengo e sua relação com os filhos, por exemplo, são pouquíssimo exploradas), além da intriga política que o cercou. Ela que deveria ser o ponto central da história acaba perdendo lugar para uma narrativa que ressalta mais o seu status de galã do que seu trabalho como diplomata e representante da ONU. Mesmo com todos os problemas, “Sergio” tem seu mérito ao contar a história de um homem que tanto significou para o nosso país e para o mundo. Sua morte foi tão significativa que mudou os moldes das Nações Unidas até os dias de hoje. Além disso, consegue entreter ao apresentar uma narrativa equilibrada, fácil de entender e bem filmada (destaque para as cenas pós-bombardeio). Mas, ainda assim, a grandeza do longa parece estar mais presente em seu nome do que no filme em si, que acaba se tornando esquecível por apostar em uma fórmula que não se encaixa em sua história.

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